Transcrição Juliet Schor: Why do we work so hard

00:00 O capitalismo proporciona uma vida boa? Depende do período de tempo que você está falando sobre.

00:07 Às vezes, o capitalismo leva as pessoas a ter que trabalhar cada vez mais e elas perdem o controle de seu tempo. Com o desenvolvimento do capitalismo industrial no final do século XVIII que se começa a aumentar o número de horas de trabalho. E por cerca de um século, tem-se aumentos constantes na quantidade de tempo que as pessoas deslocam para trabalhar. O dia de trabalho fica um pouco maior e se assemelha àqueles que tinham longas horas sobre as quais lê-se sobre a Revolução industrial, particularmente as mulheres e crianças a trabalhar 16 horas por dia, 18 horas por dia, literalmente trabalhar até a morte.

00:40 E o número de dias por ano que as pessoas trabalhavam, as férias estavam em drástico decrescimento em lugares como o Reino Unido e os Estados Unidos da América. De 1870 a 1970, as horas de trabalho diminuíram em todos os países com industrialização primária e desde 1970 que tem havido uma divergência.

01:08 Na Europa continental e Japão, as pessoas têm continuado a trabalhar cada vez menos. Nos Estados Unidos e no Reino Unido esse padrão mudou – segundo alguns dados que estamos trabalhando, o mesmo montante e de acordo com outros dados em que estamos trabalhando, muito mais.

01:26 Penso que para compreender porque é que o tempo de trabalho aumenta nos Estados Unidos e no Reino Unido, é preciso olhar para o equilíbrio de poder entre empregadores e empregados. E quando os empregadores ficam mais poderosos, quando há mais desemprego, quando é mais difícil para as pessoas arranjar emprego, tendem também a impor as pessoas a trabalhar mais horas. Mas em geral, os empregadores gostam quando os empregados trabalham longas horas e quando os trabalhadores conseguem resistir a essa pressão que é porque eles possuem maior poder de barganha no mercado de trabalho ou juntaram-se em sindicatos para pressionar menores horários de trabalho.

02:03 Assim, como estes empregadores tornaram-se mais poderosos tornou-se óbvio que os trabalhadores não têm realmente como escolher suas horas de trabalho. A teoria convencional diz que há um mercado de horas e os trabalhadores escolhem o seus horários e os empregadores respondem a isso, mas há bastante pesquisa, incluindo a minha própria, o que sugere que na realidade, são os empregadores que fixam as horas.

02:25 Os trabalhadores escolhem os seus empregos. Quando aceitam um trabalho, as horas tendem a ser determinadas conjuntamente com este e a quantidade de flexibilidade que as pessoas têm nos seus empregos não é assim tão boa.

02:35 Quando temos avanço tecnológico, para que utiliza-se? O país utiliza-o para produzir mais coisas, ou carros, mais iPhones, mais férias, ou usa-se para dar às pessoas mais tempo livre? Produzir a mesma quantidade de coisas, ter pessoas trabalhando menos. Isso é uma questão realmente importante, particularmente para sociedades ricas em que as necessidades básicas foram cumpridas.

03:00 O que estudantes precisam entender isso seria: 1) O que faz uma sociedade com o seu dividendo de produtividade? Será que utilizá-lo para produzir mais material, gerar mais impacto ecológico sobre a Terra, aumentar a pegada de carbono? Será que pode-se usar do crescimento da produtividade para dar às pessoas mais tempo livre e mais controle sobre o seu tempo? E como essa distribuição é decidida? São os trabalhadores, empregados, quem escolhe a quantidade de horas que querem, como diz a visão convencional? Empregadores fixam as horas de trabalho? Nesse caso, uma das coisas que sabemos, é que eles irão tender a preferir taxas de produção mais elevadas e o crescimento econômico.

03:43 Se utilizarmos esse avanço tecnológico para produzir mais, nós vamos continuar a impor uma pressão realmente pesada e insustentável sobre o meio ambiente, particularmente com emissões de dióxido de carbono e gases com efeito estufa. Na minha pesquisa encontro que os países que têm horas de trabalho mais longas, têm índices de pegadas de carbono mais elevadas e que os países que tenham conseguido utilizar algumas dessas melhorias tecnológicas para reduzir as suas horas de trabalho conseguiram, de fato, reduzir as suas pegadas de carbono juntamente com ela.