Leibniz 6.7.1 Lucro, salários e esforço
Para entender melhor os suplementos Leibniz, veja por favor a “Introdução aos Leibniz”.
Na interação entre Maria e seu empregador, esse escolhe o salário e sua funcionária responde escolhendo com quanto afinco irá trabalhar. Neste Leibniz, analisamos matematicamente a decisão sobre a determinação do salário feita pelo empregador.
Como o empregador de Maria deveria determinar o salário? Primeiro, vamos mostrar que, para maximizar o lucro, ele deveria escolher o salário que minimiza o custo por unidade de esforço, levando em consideração como Maria irá reagir.
Se a firma emprega Maria por horas por semana e seu esforço é de , ela faz horas de trabalho produtivo, onde . Suponha que a função de produção do empregador seja , e o produto possa ser vendido a um preço de . Assim, os lucros do empregador, que simbolizamos pela letra grega “pi” maiúscula, , pode ser escrita como:
O empregador está livre para escolher o salário bem como o número de horas de trabalho de Maria. Maria escolherá seu próprio esforço. Sendo assim, o empregador gostaria de escolher e para maximizar , sabendo que, qualquer que seja o salário escolhido, Maria responderá escolhendo:
Pensando sobre esse problema, não fica claro que o empregador deveria escolher o salário que minimiza o custo do esforço, — embora tenhamos argumentado no texto que ele deveria fazer isso. Para verificá-lo matematicamente, é útil reescrever os lucros em termos de e , ao invés de e (lembre-se que é o fator de produção). Substituir nos dá:
Agora, podemos ver que o lucro depende do número de unidades de trabalho, , e do custo por unidade de trabalho (ou esforço), . Nessa expressão, fica claro que, para maximizar o lucro, o empregador deveria estabelecer o salário de modo que o custo seja o menor possível.
Escolhendo o salário
Mostramos que o empregador deve escolher o salário para minimizar os custos por unidade de esforço, , levando em consideração que Maria escolherá . Pela regra do quociente:
Obtemos a condição de primeira ordem para a minimização dos custos ao estabelecer que esta expressão é igual a zero. Portanto, o salário de minimização de custos satisfaz a equação:
Na notação alternativa de derivadas, a equação pode ser escrita como:
Essa condição para o salário está ilustrada na Figura 1, que reproduz a Figura 6.6 do texto. As linhas retas são as linhas isocusto de esforço, que têm inclinação . No ponto A, a equação acima é satisfeita: a inclinação da linha isocusto, , é igual à inclinação da curva de melhor resposta do trabalhador, . Para a curva de melhor resposta exibida no diagrama, , o nível de esforço correspondente é = 0,5.
Figura 1 Minimização do custo de esforço.
No diagrama, as linhas isocusto mais inclinadas correspondem a menores custos por unidade de esforço (maior , menor ). Podemos ver então que o ponto A é o ponto de minimização de custo na curva de melhor resposta. Para verificar matematicamente que o salário que satisfaz a condição de primeira ordem, , corresponde a um ponto de mínimo da função , devemos utilizar a segunda derivada e verificar se é positiva quando . Se você fizer isso, descobrirá que o formato côncavo da curva de melhor resposta, expresso matematicamente pela condição , garante que minimize os custos.
Escolhendo as horas de trabalho
Tendo determinado o salário de maximização dos lucros e de minimização de custos, , o empregador pode decidir quantas unidades de esforço, , são necessárias para maximizar os lucros. Se o salário definido é igual a , os lucros são:
Diferenciar em relação a e igualar a derivada a zero nos dá uma equação para o fator de produção que maximiza os lucros :
Essa equação tem uma interpretação econômica. é o produto marginal de uma unidade a mais de esforço no trabalho, e então é a receita marginal que o empregador obtém de uma unidade de esforço de trabalho. O empregador maximiza os lucros escolhendo um valor de tal que a receita marginal seja igual ao custo marginal de uma unidade a mais de esforço, .
Por fim, tendo encontrado o número ótimo de unidades de esforço, , e sabendo que Maria escolherá um nível de esforço de , o empregador pode encontrar o número de horas em que deve empregá-la a partir da relação .
Exemplo
Suponha que o salário de reserva de Maria seja (uma constante positiva) e sua função de melhor resposta seja:
onde e também são constantes positivas, com . Logo, a condição de primeira ordem para o salário de maximização de lucro, , é:
Dividindo toda a expressão pelo lado direito nos dá , e portanto:
Observe que depende de e de mas não de . Os números na Figura 1 correspondem ao caso em que , and .
O empregador estabelecerá que , e Maria escolherá seu nível de esforço como resposta:
Leia mais: Seções 7.1 e 8.1 de Malcolm Pemberton e Nicholaus Rau. 2015. Mathematics for economists: An introductory textbook, 4th ed. Manchester: Manchester University Press.